Há quem diga que a alma é o centro das nossas emoções e outros a veem como a parte imortal do ser humano. Assunto de debates na religião, na filosofia e nas demais ciências, “Alma” é o tema central do segundo álbum do cantor Daniel Salez.
Compositor e produtor musical, Salez é um dos representantes do trap e do R&B dentro do cenário gospel. Seguindo na contramão do sistema, ele mostra que nem só de singles lançados aleatoriamente e EPs se faz uma carreira. Ele traz 18 faixas inéditas em seu novo projeto distribuído nas plataformas digitais pela Prayer Hands Records.
– “Alma” fala sobre a crise identitária cristã, onde muitos cristãos se sentem deslocados. A alma é a identidade de cada indivíduo, sendo a parte que pensa e tem emoções, ou seja, é a alma que é a ligação entre o corpo e o espírito. Hoje, o diabo não se manifesta nas igrejas gritando e fazendo barulho. Ele ataca nossa mente e nossa alma como um câncer bem silencioso e destruidor. O mal do século são a depressão e a ansiedade e é sobre isso que Deus quer tratar nesse álbum – explica Daniel.
De acordo com o artista, ele espera que Deus resgate almas através das canções. Daniel ainda avisa que o público pode esperar por algo original, emocional e espiritual.
– Esse álbum tem um significado pessoal para mim. Tudo que eu faço é para a glória de Deus e tudo o que eu vivo também é para a glória dEle. Cada som até aqui foi assim e acredito que cada som que vier no futuro também será desse jeito – ressalta o cantor.
Além de cantar e compor, Daniel Salez assina a produção musical de quase 90% do repertório de “Alma”. Apenas duas faixas contam com outros produtores – Dg Beats, em “Deus, Eu e Você”, e Silas Magalhães, na canção “Seu Nome”.
Salez ainda assina a mixagem, a masterização e a produção audiovisual. Ele contou com Dg Beats, Ronni, Skarzin e ThiagoSub na parte de instrumentos e samples. O repertório ainda traz as participações especiais de Vitória Lima, Silas Magalhães, Lookas e Rafael Caff.
OS PRIMEIROS PASSOS NA MÚSICA
Nascido em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, Daniel Salez começou na música aos sete anos de idade quando descobriu que amava instrumentos, começando com a bateria e passando depois pelo violão e pelo teclado. Após descobrir que amava cantar, ele também se desafiou a compor algumas coisas.
– Meus pais tiveram uma parcela de influência muito significativa. Meu pai foi baixista do antigo grupo da Igreja Batista do Mutuá e tocou para grandes artistas como Fernanda Brum, Kleber Lucas e Aline Barros e teve composições que chegaram a concorrer no estado, ficando em terceiro lugar no Rio como melhor composição solo em 1987. Minha mãe fez parte do antigo grupo Soul Livre, cantava em rádios e teve músicas distribuídas. Os dois sempre me motivaram a ter ligação com a música, mas parecia que já era algo implícito, já estava no meu sangue amar a música – recorda Daniel.
Aos 14 anos, ele começou a participar de batalhas de rima e depois se aventurou como produtor musical após fazer um curso de engenharia de som. Na época, ele trabalhou na gravadora Saturno Records, que tinha o rapper Orochi como um de seus artistas.
– Naquele momento, minha vida estava bem conturbada. Jovem e indeciso, meio machucado com algumas situações do passado, afastado, estava trabalhando no secular e foi ali que conheci o trap. Nesse meio tempo de tomar decisões, eu decidi vir para o gospel, voltei para o Evangelho de fato e, nessa fase de conversão e reconciliação, decidi colocar tudo o que eu sabia à disposição da obra. Mas me deparei com um muro enorme de incertezas, onde não tinha muito como trabalhar o que eu sabia na igreja. E aí descobri o trap gospel, ajudei alguns artistas no início, mas faltava algo ainda – explica o músico.
SUPERANDO A DEPRESSÃO
Entre 2019 e 2020, Salez atravessou uma fase de depressão e foi a música que o ajudou a se libertar da prisão criada por sua mente.
– Com a experiência das rimas e minha criatividade, eu decidi falar com Deus no quarto tocando um violão e cantando, rimando mesmo. Eu sentia que algo me falava para cantar. Eu saí da depressão ministrando cura sobre mim mesmo sem saber sequer o que era isso. E Deus me disse que era exatamente isso que Ele queria fazer com as pessoas através da minha vida. Foi ali que tomei a decisão de me lançar como artista.
Inspirado por artistas como Thalles Roberto, Eli Soares, Brunno Ramos e Asaph, o produtor musical estreou como cantor em novembro de 2021 lançando o single “Águas”, baseado na história de Pedro com Jesus no barco, onde ele olha para a dimensão do mar e perde a vista do milagre que estava em sua frente.
Em 2022, Salez lançou mais quatro músicas – “A Queda”, “Acrua”, “Sangue” e “Yeshua” – até que, em outubro do mesmo ano, ele apresentou seu primeiro álbum intitulado “777”.
– “777” nasceu de uma profecia em meio a uma crise, onde foi um marco de um relançamento com um novo nome artístico, um novo Daniel. O álbum conta com sete faixas que contam a minha história emocional com Deus, onde o número 7 tem uma representatividade teológica. A cada uma das faixas, vou melhorando a forma como me vejo como pessoa em Cristo. Assim nasceu o Daniel Salez. O álbum hoje conta com 500 mil streams e foi um sucesso, sendo considerado por alguns hoje um dos álbuns mais emblemáticos da cena. Logo após, lancei o EP comemorativo “777 na Mente”, que bateu 300 mil streams – comemora o artista.
Na sequência, Salez ainda lançou mais cinco canções até chegar ao novo álbum “Alma”, que, de acordo com o cantor, “não nasceu de uma crise, mas as raízes vieram de onde Deus me tirou e me trouxe como testemunho para alcançar outras vidas”.
ALMA
1. Intro
2. Caminho e a Vida
3. Pra Onde Ir? (Daniel Salez e Vitória Lima)
4. Conectado
5. Comunidade
6. Eles Sabem
7. Como Vou Amar
8. Mais uma Vez
9. Outro Lugar
10. Seu Nome (Daniel Salez e Silas Magalhães)
11. 3 da Manhã
12. Sonhos (Daniel Salez e Lookas)
13. Deus, Eu e Você (Daniel Salez e Rafael Caff)
14. Confiando no meu Pai
15. Brilho do Sol
16. ‘Cê Tá Aqui
17. Ekballo
18. Alma